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'Doar um rim a um estranho mudou completamente minha vida'

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Doação Altruísta de Rins: Um Ato de Generosidade que Transforma Vidas

Todo ano, um pequeno número de pessoas no Reino Unido decide doar um rim a um estranho. Enquanto muitos britânicos optam por doar um rim a um familiar ou amigo, apenas algumas dezenas se dispõem a fornecer esse órgão vital a alguém desconhecido. Neste artigo, vamos compartilhar a história inspiradora da Professora Laura Maisey, uma doadora altruística de rins, e entender por que esse ato de generosidade pode representar uma grande mudança de vida.

"Queria saber se vocês querem um dos meus rins"

Tudo começou quando Laura Maisey correu de Roma a Londres em setembro de 2016. Durante essa jornada desafiadora de 73 dias, ela foi inundada por gentilezas de estranhos, o que despertou seu desejo de retribuir a bondade recebida. Foi então que sua amiga, Alice, corredora como ela, compartilhou que planejava doar um rim a um estranho no ano seguinte. Essa ideia fez todo o sentido para Laura, já que é possível viver com apenas um rim.

No entanto, ao mencionar sua intenção de doar um rim a um estranho, Laura enfrentou resistência e preocupações por parte de algumas pessoas, que a classificaram como uma ideia loucura e consideraram o procedimento muito perigoso. No entanto, isso só serviu para aumentar sua determinação em ajudar.

Apesar de adiar seus planos devido a uma mudança para a Itália e a impossibilidade de ajudar sua prima, que necessitava de um rim e pâncreas de um doador falecido, Laura continuou com seu desejo de melhorar a vida de outra pessoa. Após retornar ao Reino Unido, ela se deparou com o Hospital Guy's and St Thomas, onde sua amiga Alice havia doado um rim anteriormente, e decidiu seguir em frente com seu objetivo.

Depois de passar por vários testes e ser aprovada para a doação, Laura estava ansiosa para realizar o procedimento. No entanto, a pandemia de Covid-19 interrompeu seus planos, e todas as cirurgias eletivas foram canceladas. Ela esperou até setembro de 2020, quando finalmente recebeu a notícia de que o programa de doação de rins havia sido retomado.

"Nunca fiquei tão feliz em saber que um estranho fez xixi"

Alguns meses depois, Laura recebeu a emocionante notícia de que um receptor compatível havia sido encontrado, e a operação estava agendada para janeiro. Embora algumas preocupações, como o isolamento com seu parceiro no dia de Natal para evitar a Covid-19, tenham surgido, ela estava decidida a seguir adiante.

A cirurgia foi realizada com sucesso, e Laura pôde testemunhar a alegria de ver o rim transplantado funcionando perfeitamente no novo destinatário. Depois de passar apenas três dias no hospital e um dia de repouso em casa, ela rapidamente retomou sua vida normal.

Curiosamente, é comum que doadores e receptores se mantenham em anonimato após o procedimento, mas Laura recebeu um e-mail de Stuart, o receptor de seu rim. Em suas trocas de mensagens, eles criaram um vínculo especial, e Laura e seu marido tiveram o prazer de conhecer Stuart e sua esposa pessoalmente. O relacionamento se fortaleceu, e eles até mesmo participaram de eventos juntos, como uma maratona em York.

Essa experiência transformadora trouxe um agradecimento mútuo e a compreensão de que esse ato de generosidade criou um laço que durará a vida toda. Para Laura, essa decisão mudou sua vida de uma forma inimaginável e foi a melhor coisa que já aconteceu com ela. Ela acredita que ajudar os outros e deixar um legado positivo no mundo são aspectos fundamentais em sua jornada.

A questão da doação de rins no Brasil

No Brasil, a situação em relação à doação de rins é um pouco diferente. De acordo com o Ministério da Saúde, o país registrou 6.011 transplantes renais ao longo de 2023, sendo esse o órgão mais demandado na fila de transplantes, com mais de 38 mil pacientes aguardando por um doador. A legislação brasileira não prevê a doação altruísta, e geralmente os órgãos usados em transplantes são provenientes de doadores falecidos.

No entanto, o transplante renal de um doador vivo é uma possibilidade no Brasil, desde que a retirada do órgão não represente um risco à saúde do doador. Nesses casos, é mais comum que a doação seja feita por cônjuges ou familiares de até quarto grau. Quando a doação envolve alguém fora da família, é necessário obter autorização judicial para realizar o procedimento.

Apesar das restrições presentes na legislação brasileira, é importante destacar a importância da doação de rins, seja por meio de doadores vivos ou falecidos, na vida de milhares de pessoas que lutam contra doenças renais.

Conclusão

O ato de doar um rim a um estranho é um gesto de altruísmo e generosidade que pode mudar a vida de alguém para sempre. A história da Professora Laura Maisey nos mostra como essa experiência impactante transformou não apenas a vida do receptor, mas também a dela própria.

No Brasil, embora a doação altruísta não seja prevista na legislação, o transplante renal de doador vivo entre familiares próximos é uma opção. No entanto, é essencial que haja um aumento da conscientização sobre a importância da doação de órgãos e da adoção de políticas que incentivem esse gesto solidário.

Ao refletir sobre essa história inspiradora e entender a situação atual da doação de rins no Brasil, esperamos que mais pessoas se sintam motivadas a considerar a possibilidade de doar esse órgão vital, proporcionando uma nova chance de vida para aqueles que estão na fila de transplante.

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