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Expectativa de juros mais altos do que no passado vai exigir seletividade do gasto público, diz Ilan Goldfajn

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A expectativa de taxas de juros mais altas trazem desafios no gasto público

No atual cenário econômico mundial, a expectativa é que o mundo tenha que se acostumar com níveis de taxas de juros mais altas do que as do passado recente. Essa realidade traz para os governos um novo desafio em relação ao gasto público: a seletividade. O diagnóstico foi feito pelo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, durante um evento em São Paulo.

De acordo com Ilan Goldfajn, as taxas de juros devem cair no futuro, porém não para um nível tão baixo quanto foi observado no passado, com taxas negativas em alguns casos. Essa afirmação surgiu em resposta a um questionamento feito pelo economista Eduardo Giannetti sobre a pressão nas grandes economias do mundo para que os governos aumentem seus gastos, e se haveria um risco fiscal adiante em um ambiente de juros em alta.

O presidente do BID explicou que existe um debate entre economistas e acadêmicos sobre a duração desse período de taxas de juros altas. Para alguns especialistas, o juro mais alto é um reflexo de momentos específicos, como a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia, e assim que a inflação global baixar, os juros voltarão a patamares mais baixos devido a questões estruturais. Já para outros, o período de juros zerados e inflação baixa foi excepcional e a realidade atual é de um juro mais alto.

Ilan Goldfajn acredita que sua visão está entre essas duas vertentes de ideias. Ele destaca que o período de três décadas de juros baixos foi excepcional, e que a ideia de que os juros ficariam zero ou negativos para sempre não se sustenta. Ele prevê que veremos juros baixos no futuro, mas não tão baixos quanto nos últimos tempos.

Diante dessa perspectiva, os governos precisam ser cada vez mais seletivos na escolha de seus gastos. No entanto, o presidente do BID alerta que poucas experiências existem na América Latina e no mundo sobre a avaliação dos gastos públicos e quais foram os que deram certo ou não.

A necessidade de avaliação dos gastos públicos

Segundo Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV/Ibre, é necessário institucionalizar a avaliação dos gastos públicos. Ela destaca que o Estado tem sido capturado por grupos de interesse e que o gasto tributário no Brasil já chega a quase 5% do PIB. Além disso, o orçamento público é bastante rígido, o que contribui para crises fiscais recorrentes e seus graves efeitos sociais.

O presidente do BID ressalta que a América Latina enfrenta um "desafio triplo", que é a crescente demanda por serviços públicos em meio a um cenário de restrição fiscal e crescimento econômico lento. Os governantes precisam lidar com restrições fiscais, dívidas elevadas e a necessidade de atender essa demanda por serviços públicos.

Além disso, a região também sofre com os efeitos cada vez mais evidentes das mudanças climáticas e seus impactos socioeconômicos. O presidente do BID destaca que as mudanças climáticas já chegaram em todos os países da América Latina, e é necessário encontrar soluções para conter essa emergência climática. Goldfajn aponta que a América Latina e o Brasil têm a oportunidade de resolver problemas globais, como o controle do desmatamento na Amazônia para combater o aquecimento global.

Outro ponto de atenção é o combate à insegurança alimentar, uma questão que o BID tem buscado atuar. A falta de uma melhor distribuição de alimentos é evidente e o Brasil tem a oportunidade de se tornar o grande exportador de alimentos do mundo.

Conclusão

A expectativa de taxas de juros mais altas traz novos desafios para os governos em relação ao gasto público. A seletividade na escolha dos gastos se torna essencial nesse contexto, porém, é necessário avaliar e identificar quais são os gastos que realmente trazem resultados positivos. Além disso, é preciso institucionalizar a avaliação dos gastos públicos, pois o Estado tem sido capturado por grupos de interesse. A América Latina enfrenta um "desafio triplo" com a crescente demanda por serviços públicos, restrição fiscal e crescimento econômico lento, sendo necessário encontrar soluções para conter as mudanças climáticas e combater a insegurança alimentar. Tudo isso evidencia a importância de uma gestão pública eficiente e direcionada para atender as necessidades da população e promover o desenvolvimento sustentável.

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