Confusão durante manifestação na Unicamp: estudantes alegam agressão com faca por parte de professor
Na manhã desta terça-feira (3), um professor e estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se envolveram em uma confusão durante uma manifestação. Os alunos afirmam que foram agredidos e ameaçados com uma faca, enquanto o docente alega que usou o armamento para se defender. A reitoria da instituição repudiou o ato e informou que a conduta do funcionário Rafael de Freitas Leão será averiguada. Este artigo detalha o que se sabe sobre o caso até agora e o que dizem os envolvidos.
Como e quando a confusão começou?
A confusão teria começado por volta das 7h, dentro da instituição, quando os estudantes visitavam as salas de aula para chamar outros alunos para uma paralisação. Aprovada em uma assembleia estudantil no dia anterior, a manifestação foi realizada em forma de apoio às greves que ocorrem desde o início da manhã em São Paulo.
Estudantes dizem que foram agredidos
Gustavo Bispo, diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), relatou que foi o primeiro alvo das agressões. Ele afirma que o professor agiu com violência assim que entrou na sala para explicar os motivos da paralisação.
"A gente ia dialogar pedindo para esses professores cancelarem as aulas. Eu cheguei na sala primeiro do que ele, parei na porta e falei: 'professor, podemos conversar, posso explicar pra vocês essa paralisação?'. Não houve nem resposta. Ele já falou: 'sai da minha frente'", afirma Gustavo.
De acordo com o boletim de ocorrência, o estudante João Gabriel Cruz disse à polícia que participava da paralisação quando viu o professor chegar à sala de aula e Gustavo, em seguida, correr para avisá-lo do ato. João não entrou no prédio nesse momento, mas disse que uma estudante gritou avisando que o professor havia sacado uma faca.
O aluno pediu que os colegas acionassem a segurança. Em seguida, outros estudantes se posicionaram nas saídas, cercando o prédio, para impedir que o docente deixasse o local. Ainda segundo o registro, o professor tentou sair e, por isso, João gritou que ele estava fugindo. Foi então que o suposto agressor foi para cima dele.
"Eu observei que o professor estava tentando sair de fininho. Eu denunciei para os estudantes, falei: 'o professor está aqui'. Ele deu meia volta, sacou o spray de pimenta e avançou na minha direção espirrando o spray de pimenta na minha cara", relata João.
Professor diz que queria se defender
Rafael de Freitas Leão, professor do Instituto de Matemática da Unicamp, afirmou à polícia que em 2016 sofreu ameaças de alunos, o que o levou a carregar um spray de pimenta e faca para se defender. Ao chegar na instituição pela manhã, ele viu um grupo de alunos se aglomerando na entrada da sala. Ao tentar entrar, foi abordado por Gustavo, que disse que ele não daria aula em decorrência da paralisação.
No depoimento, Leão diz que o aluno o empurrou e, por esse motivo, pegou a faca e o spray de pimenta. O rapaz teria se afastado e ele guardou o armamento. O professor afirmou que muitos jovens se aglomeraram ao seu redor, incluindo João, que teria chamado os alunos para avançarem contra ele. Por medo de ser linchado, Leão alega ter usado o spray de pimenta.
"Esse professor foi impedido de entrar em sala de aula para ministrar sua matéria de matemática para os alunos. Alguns jovens, ele não sabe precisar de qual curso, mas não é da matéria ao qual ele ministra, o empurraram. Inclusive, ele teve lesão no quadril. Quando caiu ao solo, se levantou e puxou o spray de pimenta. No sentido de não ser linchado, utilizou o spray de pimenta. Ato contínuo, também puxou uma faca", pontuou o advogado Adilson Junior.
Nenhum estudante ficou ferido durante o incidente.
Como o caso foi registrado
O boletim de ocorrência foi registrado no plantão policial do 1º Distrito Policial como lesão corporal e incitação ao crime, tendo Rafael como vítima e Gustavo como autor. O caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal.
O que diz a Unicamp
Por meio de nota, a Reitoria da Unicamp informou que repudia "os atos de violência praticados no campus de Barão Geraldo". Diz ainda que "a conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis".
"Ressalte-se, ainda, que a Reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos", acrescenta a nota.
Manifestação na Unicamp
Nesta terça-feira (3), trabalhadores e estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fizeram um ato em apoio às greves realizadas em São Paulo. Eles protestaram contra a privatização de órgãos estaduais e a precarização das instituições públicas de ensino.
O Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) informou que a manifestação também reforça os pedidos por aumento no vale-refeição, abono e contra a instalação de ponto eletrônico, que motivaram uma greve desde agosto.
A paralisação também é um apoio ao movimento da USP, que pede a contratação de professores. "Uma parte dos estudantes da Universidade aderiu a essa paralisação, com a adesão e apoio também do STU", disse a Unicamp.
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