Audiência de instrução e julgamento do tenente da Polícia Militar acusado de matar a menina Débora Vitória
Nesta quinta-feira (28), ocorreu a audiência de instrução e julgamento do tenente da Polícia Militar do Piauí, José da Cruz Bernardes Filho. O acusado é responsável pela morte da menina Débora Vitória, de apenas 6 anos, que foi vítima de um tiro durante um assalto no bairro Ilhotas, Zona Sul de Teresina, em novembro de 2022. A audiência teve lugar na 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri, na própria cidade de Teresina, e envolveu a participação de testemunhas de acusação e defesa.
O caso Débora Vitória
O trágico incidente que resultou na morte de Débora Vitória e deixou sua mãe ferida ocorreu quando as duas foram abordadas por Clemilson da Conceição Rodrigues, um assaltante que anunciou o roubo. O policial militar, que estava nas proximidades do local e que, segundo relatos de Dayane Gomes, mãe da criança, estaria bebendo em um bar, reagiu ao perceber o assalto. Infelizmente, o tiro disparado pelo policial acabou atingindo a menina, de acordo com as investigações policiais.
De acordo com a delegada Nathália Figueiredo, responsável pelo caso, o projétil atingiu o braço esquerdo de Débora, atravessou a região do tórax e alojou-se no braço direito. A análise balística revelou que a munição era compatível com a arma utilizada pelo policial militar, confirmando assim que o tiro que matou a menina foi disparado por ele.
O delegado classificou o ocorrido como dolo eventual, no qual não há a intenção direta de cometer um ato, mas a pessoa assume o risco de fazê-lo. Isso foi explicado pelo fato de o policial ter reagido ao assalto sem ter certeza de que não haveria consequências graves.
Desenvolvimento das investigações
No ano passado, o PM foi indiciado por homicídio qualificado, mas a pedido do Ministério Público do Piauí, foi realizada uma reconstituição simulada do crime para obter mais informações sobre como tudo aconteceu e confirmar se o tiro que vitimou a criança realmente partiu do policial militar.
Após a reconstituição, o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) decidiu manter o indiciamento do tenente da PM. Além disso, a Polícia Civil promoveu uma acareação entre Dayane Gomes, o policial e Clemilson da Conceição, com o objetivo de confrontar os depoimentos e obter esclarecimentos adicionais.
Desde o início da investigação, o policial alega que o assaltante disparou primeiro. Segundo o advogado de defesa, o policial, que estava na calçada de sua casa, presenciou o momento em que mãe e filha foram abordadas pelos criminosos e, para proteger a criança, efetuou um disparo contra um dos assaltantes, o qual acabou sendo atingido na perna.
É importante ressaltar que o tenente permanece em liberdade, mas foi afastado de suas funções em junho deste ano.
Clemilson da Conceição Rodrigues, por sua vez, foi indiciado por tentativa de latrocínio, sendo que a delegada Nathalia Figueiredo afirmou que ele foi responsável por efetuar o disparo que feriu Dayane Gomes durante o assalto.
Conclusão
O caso da morte de Débora Vitória, vítima de um tiro disparado por um policial militar, chocou a sociedade piauiense e trouxe à tona discussões sobre o uso adequado da força e o treinamento dos agentes de segurança pública. Agora, com a conclusão da audiência de instrução e julgamento, o processo segue para a fase de decisão judicial.
A análise minuciosa das provas e a busca pela verdade dos fatos são essenciais para garantir uma resposta justa à família de Débora Vitória e à sociedade como um todo. Somente assim será possível assegurar a responsabilização adequada daqueles que cometeram crimes e evitar que tragédias como essa se repitam.
Espera-se que a justiça seja feita e que todas as partes envolvidas possam encontrar algum tipo de alívio e paz diante dessa situação tão triste e impactante.
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